"Porque eu faço o que eu mesmo não aprovo; o que quero fazer, isso não o faço, mas o que não gosto de fazer, é isso que eu faço.
E, se faço o que não quero fazer, estou a consentir com a Lei, que é boa.
De modo que, quando faço o que eu não quero fazer, já não sou eu mesmo que o faço, mas o pecado que habita em mim. Porque sei que em mim não habita o bem, e, com efeito, o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem.
Porque não faço o bem que quero fazer, mas o mal que eu não quero fazer, é esse que faço. E se eu faço o que eu não quero fazer, já não sou eu que o estou a fazer, mas o pecado que está em mim mesmo.
É então que concluo que tenho a seguinte Lei em mim mesmo: quando quero fazer o bem, o mal está comigo.
Porque segundo o meu estar interior, tenho prazer na Lei de Deus; mas depois, os meus membros seguem outra Lei, Lei essa que batalha contra a Lei do meu raciocínio, e, me prende debaixo da Lei do pecado, presente nos meus membros.
Como sou miserável! Quem me irá livrar deste corpo que me mata?
Dou graças a Deus, por Cristo Jesus, nosso Senhor.
Assim, o que acontece, é que, eu mesmo, sirvo à Lei de Deus com o meu raciocínio, mas paradoxalmente, sirvo à Lei do pecado com o meu corpo."
Romanos 7:15-25
Nestes últimos dias tenho me sentido um pouco assim, tal como Paulo, num dos seus escritos aos Romanos.
Poderia dizer que inúmeros factores contribuíram para a queda livre da minha tolerância, mas nada disso interessa.
Encontro na Sua Palavra, a resposta para o que sinto tantas e tantas vezes.
Porque além dos inúmeros factores que "n" vezes me motivam para uma diminuição da tolerância, o facto de ser socialmente obrigada a tomar determinadas atitudes, quando não o quero fazer, levam-me a um acto auto-inconsciente de luta contra mim mesmo.
A enculturação tem esse lado nefasto. O inconsciente colectivo coage os indivíduos a ter um determinado comportamento. Estamos cheios de regras e de Leis que nos prendem.
Esta passagem bíblica torna-se ainda mais interessante porque aborda o homem paradoxal que existe em cada um de nós, e, que a sociedade tenta esconder, abafar, como se tratasse de algo errado, uma doença transmissível.
Edgar Morin, galardoado pela Unesco, veio chamar a atenção da sociedade e em especial da educação, que não vale a pena esconder esse homem paradoxal, o paradoxo está presente na própria natureza, e, não apenas no homem. Só aceitando que é paradoxal, é que o homem pode chegar além, tornando-se mais compreensivo, e, mais inter-ligado com o seu semelhante. E, isto aplica-se a todas as ciências, não apenas ao homem em si.
Mas muito antes de Edgar Morin, Paulo, num seu escrito aos Romanos, já havia abordado este homem paradoxal. Assim, nada há de novo. Nenhum homem tem acrescentado nada ao que já havia.
Mas o facto do homem rejeitar o seu paradoxo, isso sim, repete-se em constante movimento circular.
E é nisto que medito: reconhecendo em mim o paradoxo, consequentemente, vou conhecer-me melhor. Ao saber (e reconhecer) que faço o que não quero fazer, e que o que quero fazer é o que não faço, tomo consciência desta realidade em mim, e, trabalho-a no sentido de ir mais além.
Como Paulo acabou a sua exposição: "Dou Graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor".
Talvez...
Valha a pena...
meditar nisto.
Tinoca Laroca
8 comentários:
É isso, passamos a maior parte da vida fazendo o que não queriamos fazer. Nossos paradoxos.
Amo este texto da Palavra!
Admiro imensamente Paulo e sua capacidade de expor questões como esta...
A luta interior, travada por cada um de nós, dia a dia.
E o final - que traz esperança e possibilidades: Cristo Jesus!!
Lindo post!
beijos,
alê
Vou acrescentar o meu contributo à reflexão.
Li pouco do Edgar Morin, acho que só "Os sete saberes para uma educação do futuro" (qualquer cosa assim). No âmbito da Filosofia da Educação, na profissionalização em serviço. Penso que também um outro excerto. Ficou-me a ideia de um excessivo humanismo, no que este tem de pernicioso e falacioso: deixar que o doente (o homem) seja o médico de si mesmo e por si mesmo a cura do seu próprio mal e a ilusão (que já vem dos Gregos) de que a educação mudará o homem.
Com efeito, desde os Gregos e desde as Escrituras Bíblicas nada de novo se diz a esse respeito, tanto quanto ao diagnóstico do problema "homem" como quanto às soluções ou propostas ou aos modos de lidar com ele.
A Esctitura é absoluta neste ponto: assegura que há solução e qual e quem ela é. Também aprecio este trecho do testemunho de Paulo. Escreveu da sua própria experiência. Assumiu as suas dificuldades e paradoxos, mas confessou e afirmou com convicção a solução. Não consigo, por isso, ler Romanos 7 (já agora 6) sem Romanos 8, o capítulo da segura afirmação da esperança e da vitória em Cristo. Porque Rom 8 não se segue a Rom 7 apenas como um capítulo se segue ao outro, mas também organicamente, ideologicamente, argumentativamente, espiritualmente. O versículo final de Rom 7, de balanço da sua luta interior, contém já o primeiro grito de vitória "Graças a Deus por Cristo!" E é de tudo isto que trata o cap. 8.
Feito, pois, o diagnóstico do problema, o paradoxo interior, resta e é imprescindível a concentração nos recursos que proporcionam a real superação desse paradoxo: a nossa união com Cristo Jesus.
Morin, e muitos outros, não se viraram para aqui. Mas nós podemos testemunhá-lo!
Bjo
É sem dúvida uma realidade dificil de viver
Lou, Alê, Rui Miguel, Daniel:
Muito obrigada pelas vossas reflexões também.
God bless you.
T.
Olá tinoca,
Gosto muito desta passagem...mostra o nosso lado humano...sem Deus nada podemos fazer...revela as nossas incapacidades...sozinhos nunca conseguimos nada...revela a nossa miséria: Homem miserável que eu sou!!
mas tb revela como grande é o amor de Deus por nós: sabendo Ele destas nossas incapacidades...amou-nos...ao ponto de providenciar para nós uma solução: Jesus!
Grande amor este...
DTA
Lai
É verdade, Lai...
God Bless you.
T.
É fato!
Como a globalização age em prol do Reino do Senhor, rs, estava procurando um versículo e achei este texto com o versículo e com o meu coração.. rs. cada palavra..
God bless u
Saudações Brasileiras.
Bjs
Enviar um comentário